Homenagem ao lendário herói ancestral dos ingleses que deu título a um dos considerados "Cem Maiores Livros do Mundo" e tido como o mais antigo escrito em "Old English".

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ORIGEM DO NOME DA FAMÍLIA AZAMBUJA


INTRODUÇÃO

Já há muito tempo venho tentando, como amador, naturalmente, montar a árvore genealógica da família Azambuja, sobrenome do meu pai, Carlos Ferreira de Azambuja. Tal tarefa tem, muitas vezes, sido provado muito difícil, quando não impossível, mesmo para profissionais da área. Logo constatei tal fato pessoalmente: muitas vezes as fontes são duvidosas, há muitos erros de transcrição, pessoas muitas vezes adotam o sobrenome sem possuir qualquer laço de consanguinidade com a família – era fato comum, antigamente, até mesmo escravos libertos, em reconhecimento a antigos patrões, adotarem oficialmente o seu sobrenome, assim criando personagens que nada tinham a ver com a família -, determinadas gerações não produzem varões que mantenham o sobrenome de interesse, outros simplesmente declinam do seu sobrenome paterno para adotar o sobrenome da mãe. Enfim, trata-se de empreitada complexa, cuidadosa e, sobretudo, longa, sem qualquer garantia de sucesso. Por essa razão, antes que as dificuldades me tentassem à renúncia do meu objetivo, decidi publicar esta pequena postagem em que apresento as origens do nome “Azambuja” bem com alguns fatos a ele relativos deixando, talvez, para as calendas gregas, não o prosseguimento da minha pesquisa maior, mas possivelmente a sua conclusão.

ORIGEM DO NOME E DESCENDÊNCIA

Parte da Espanha e Portugal na Península Ibérica
A origem da Família Azambuja remonta ao século XII, em Portugal. Em realidade, nessa época, Portugal não era ainda o país tal como o conhecemos hoje, mas apenas um “ex-Condado Portucalense”. Foi no início desse século que o reino de Portugal conseguiu a sua independência em relação ao Reino de Leon (um dos reinos da península Ibérica) e seu primeiro monarca, Dom Afonso Henrique (Afonso I), foi proclamado rei em 1139, de acordo com artigo que já publiquei em fevereiro de 2010, neste mesmo “blog”, sob o título “Breve Histórico das Origens de Portugal”, em três partes.
O sobrenome português “Azambuja” (etimologicamente significando “oliveira brava”, de origem árabe - azzabuja) tem origem local, constituindo-se num daqueles sobrenomes derivados do nome do lugar onde um homem uma vez viveu ou possuiu terras. Neste caso, este sobrenome vem do Município e da Vila de Azambuja, que é a sede do município, com uma população atual de 6.900 habitantes, pertencentes ao Distrito de Lisboa, Portugal.
Lisboa, na foz do Tejo e Azambuja, no centro do mapa
 O Município português de Azambuja é composto por nove freguesias: Alcoentre, Aveiras de Baixo, Aveiras de Cima, Azambuja, Maçussa, Manique do Intendente, Vale do Paraíso, Vila Nova da Rainha e Vila Nova de São Pedro, cujas localizações podem ser vistas no mapa. Em termos demográficos, a população do município era, em 1991, de 19.600 residentes para uma área geográfica de 262 km2; e a variação da população residente, entre 1960 e 1991, foi de 7%. A Vila de Azambuja é situada na bacia hidrográfica do rio Tejo, que deságua logo a jusante no Oceano Atlântico, a nordeste de Lisboa e a sudeste de Santarém.
A região de Azambuja foi conquistada pelo primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henrique, que governou do ano 1140 ao ano 1185, após árdua batalha em companhia dos Cavaleiros da Ordem de Cristo, anteriormente denominados Cavaleiros Templários, com o objetivo de expulsar os Árabes, na época Mouros, dessa região, já que ocuparam por séculos toda a Península Ibérica. Como recompensa, essa região foi doada ao nobre cruzado-cavaleiro D. Childe Rolim, que tornou-se seu primeiro senhor, sem lhe adotar o nome (Senhor de Azambuja). Sua filha Maria Rolim, casada com Gonzalo Fernandes de Tavares, batizou seu primeiro filho como Fernão Gonçalves de Azambuja, sendo este o primeiro descendente a levar o sobrenome Azambuja.
Nove freguesias de Azambuja
D. Sancho I, que sucedeu no trono a seu pai, Afonso I, em 1185, concedeu-lhe a carta de foral (carta de lei que regulava a administração de uma cidade) e mandou repovoá-la em 1200. Muitos anos mais tarde, em 1513, D. Manuel atribuiu-lhe novo foral.
Portanto, Fernão Gonçalves de Azambuja era filho de Gonzalo Fernandes de Tavares e sua esposa Dona Maria Rolim, Senhora de Azambuja e filha de Childe Rolim, primeiro lorde da cidade de Rolim, um título que lhe foi outorgado pelo Rei Sancho I, em 1200.
Os membros da família Azambuja são descendentes diretos de Fernão Gonçalves de Azambuja, que foi a primeira pessoa a ser assim chamada, uma vez que foi o primeiro lorde da cidade (no Reino Unido chama-se, até hoje, de “landlord”, o proprietário de alguma terra no campo, ou casa na cidade) com este nome. Na nomenclatura portuguesa, ele teria sido o primeiro Alcaide-Mor da cidade.
Bandeira Vila Azambuja
 Fernão Gonçalves de Azambuja foi designado Alcaide-Mor da cidade de Azambuja, por morte de seu avô, D. Rolim, e casou-se com Dona Ouruana Godins, filha de Don Godinho de Pousada e sua esposa, Dona Santa Pires. Tiveram três filhos: Rui Fernandes Rolim, Tareja Fernandes e Urraca Fernandes.
Rui Fernandes Rolim, também senhor de Azambuja, foi casado com Elvira Esteves de Avelar e teve com ela quatro filhos: Pedro Rodrigues Rolim, senhor de Azambuja, Paio Rodrigues de Azambuja, Estevão Rodrigues de Azambuja (alcaide-mor de Azambuja) e João Rodrigues de Azambuja.
Pedro Rodrigues de Azambuja casou-se com Teresa Rodrigues de Nóbrega e tiveram o filho Gonçalves Rodrigues de Azambuja. Este casou-se com Leonor Esteves e deles nasceu Leonor Gonçalves.
Estevão Rodrigues de Azambuja teve dois filhos: João Esteves de Azambuja e Afonso Esteves de Azambuja. A partir daí, os nomes se perdem na poeira do tempo. Mais tarde temos notícias de que a família Azambuja costumava acompanhar os monarcas portugueses desde o século XIV. Por exemplo, João Rodrigues de Azambuja e seu sobrinho Gonçalo Rodrigues seriam próximos de Afonso IV. Essas notícias informam também que a família Azambuja insere-se num grupo mediano dentro da nobreza da Corte, situado numa posição hierarquicamente inferior a de famílias mais influentes no período medieval, como os Sousas, os Meneses ou os Pachecos, entre outras.
Brazão Vila Azambuja
 O primeiro Azambuja a chegar ao Brasil, em 1683, chamava-se Manoel de Azambuja e veio para o começo de uma nova vida, uma nova geração, a origem de uma família que chegava ao Brasil.
Em 1732, Francisco Xavier Azambuja, filho de Manoel de Azambuja, iniciou uma geração de pioneiros que fez história na criação e revolução do Estado do Rio Grande do Sul, tornando-se a maior geração de descendentes de Azambuja.
A segunda maior geração dos Azambuja encontra-se em Minas Gerais e é formada por descendentes de João Ribeiro Azambuja, que saiu do Rio Grande do Sul por volta de 1760, espalhando-se pelo Triângulo Mineiro, Campo Formoso e Campo Florido.
Cerca de dois séculos após o primeiro Azambuja chegar ao Brasil, por volta de 1870, seus descendentes chegavam à terra do Pantanal Mato-grossense. Após a guerra do Paraguai, cinco gerações de doze irmãos dos Ribeiro Azambuja saíram do Triângulo Mineiro e chegaram à terra do Pantanal. Mais precisamente na região de Três Lagoas e Campo Grande (Garcia Azambuja); Ponta Porã e Itahum (Lopes Azambuja); Dourados (Luiz Azambuja); Maracajú (Ferreira Azambuja); Aquidauana (os gaúchos Azambuja).
Pelourinho de Azambuja
 Essa tornou-se a terceira maior geração de Azambuja. Uma geração de desbravadores, de criadores de gado, de educadores, de políticos, de profissionais liberais; de uma forma ou de outra, gente realizada.
Outras referências ao sobrenome Azambuja, incluem o batizado de uma Maria Azambuja (por acaso o nome de minha mãe), filha de Diniz Augusto de Azambuja e Brazilia da Silva P. Azambuja, que foi celebrado em Santa Efigênia, São Paulo, Brasil, em 10 de fevereiro de 1858. Joaquim Azambuja, seu irmão, foi batizado na mesma igreja, em 14 de abril de 1861.

AZAMBUJAS MAIS CONHECIDOS

Do fundador da família Azambuja, Fernão Gonçalves de Azambuja, resultaram portadores notáveis do sobrenome, que incluem, entre outros, o explorador e colonizador Diogo de Azambuja (1432–1518), o teólogo português Jerónimo de Azambuja, que morreu em 1563, e o escritor e genealogista José Gomes Amado de Azambuja.
Diogo de Azambuja, explorador da costa africana, liderou uma expedição à Costa do Ouro, com Bartolomeu Dias, em 1481 e morreu após essa viagem, seguindo fortes pelejas com sua saúde mental, com a idade de 86 anos. Deixou seu nome registrado na história de Portugal, chegando a ser mencionado por Pedro Álvares Cabral no livro “Nau Capitânia”, escrito por Walter Galvani.
O Padre Mestre Frei Jerónimo da Azambuja, da Ordem dos Dominicanos, professou no Convento de Santa Maria da Vitória da Batalha, a partir de 6 de Outubro de 1520, do qual foi, posteriormente, eleito prior. Tinha amplos conhecimentos de Teologia Escolástica e pleno domínio das línguas hebraica e grega. Foi embaixador régio no Concílio de Trento, no final do ano de 1545, com outros dois religiosos da mesma ordem. Dos seus escritos, só uma pequena parte se publicou, em comparação com o que escreveu durante toda a sua vida. Do convento serviu no Tribunal do Santo Ofício, em Lisboa, por ordem do Cardeal Infante, mas voltou mais tarde como provincial, em 1560.
General Estácio Azambuja
 Mais recentemente, no Estado do Rio Grande do Sul, surge o nome do chefe revolucionário Estácio Azambuja. Nascido em Camaquã a 18 de dezembro de 1860, muito cedo fixou residência em Bagé, onde permaneceu até a sua morte em 9 de abril de 1938. Durante a chamada “Velha República” (1889 – 1930), distinguiu-se pela efetiva participação nos movimentos armados que fizeram tremer o solo gaúcho. Na Revolução Federalista de 1893 esteve ao lado de Joca Tavares; na Revolução de 1923, contra Borges de Medeiros, organizou sua própria força, constituída, basicamente, por familiares e jovens de Bagé. Em todas as oportunidades mostrou energia e bravura exemplares, mostrando lealdade e escrúpulos que o notabilizaram pelo respeito dedicado à vida e aos bens dos adversários enfrentados.
Mais modernamente, surge o nome de Darcy Pereira de Azambuja, jurista, escritor, historiador e professor gaúcho. Nascido em Encruzilhada do Sul em 26 de agosto de 1903, era filho de Ignácio Soares de Azambuja e de Maria Josefa Pereira de Azambuja. Cursou o ensino primário na Escola do Prof. Inácio Montanha e, posteriormente, foi para o Colégio Militar, onde concluiu o curso de Agrimensura, em 1921. Em 11 de maio de 1927, fez-se bacharel em Direito pela Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, mesmo ano em que foi nomeado para a 4ª Promotoria Pública da Capital, a partir da qual exerceu vários cargos públicos na área jurídica. Foi professor da Faculdade de Direito de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde lecionou um sem número de disciplinas, nos cursos de Direito, Ciências Sociais e Políticas, Jornalismo, Português, Letras Clássicas, Letras Neo-Latinas e Letras Anglo-Germânicas.
Darcy Azambuja
Foi membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil – RS, membro do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Recebeu o título honorífico de Comendador da Ordem da Coroa da Itália, concedido pelo Rei Vittoro Emmanuelli III (1937) e o de Officier d’Académie, concedido pelo Ministério da Educação da França (1948). Publicou vários livros, entre eles a obra jurídica “A Teoria Geral do Estado” e o livro de contos “No Galpão”. Este último obteve para Darcy Azambuja, em 1925, o primeiro prêmio de contos, instituído pela Academia Brasileira de Letras, além de ser apontado entre as coisas mais significativas já escritas sobre o Rio Grande.
De Darcy Pereira de Azambuja, diz Celso Pedro Luft, professor, gramático, filólogo, lingüista e dicionarista gaúcho: ‘Com os contos de “No Galpão”, retomou, com êxito, os caminhos da ficção gauchesca de categoria literária, trilhados por Simões Lopes Neto. O mesmo realismo seleto, com a observação do pormenor característico, a narrativa movimentada, o diálogo fidedigno. É a fronteira gaúcha com suas tradições, seus aspectos rústicos; a vulgaridade e a grandeza contrastante do campeiro, suas bravatas e heroísmos...’.
Darcy Pereira de Azambuja faleceu em Porto Alegre, em 14 de março de 1970.
Brasão de Armas da Família Azambuja
A Família Azambuja, com muita garra, venceu barreiras e obstáculos. Em 11 de janeiro de 2008, no Mato Grosso do Sul, foi fundada a AFA - Associação da Família Azambuja -, com o objetivo de unir seus descendentes, dando prosseguimento às tradições e resgatando sua historia.
 As armas, abaixo descritas, foram outorgadas à família, ostentando o nome Azambuja, cujo status de nobreza foi confirmado pela Corte Portuguesa.
O Brasão de Armas é subdividido em quadrantes. O primeiro e quarto possuem, sobre fundo vermelho, um castelo de três torres em azul celeste claro, sendo a torre do meio a mais alta; o segundo e o terceiro quadrantes com quatro bandas vermelhas sobre fundo dourado. O Coroamento traz um castelo, como nas armas.
Evidentemente, minha pesquisa não acaba aqui, pois essa é apenas a origem do nome Azambuja e a sua ligação com a lusitana terrinha natal. Continuamos levantando a genealogia dos Azambuja e um dia, quem sabe, conseguiremos mostrar a quem interessar possa, a completa saga dos Azambuja. Então, nos encontraremos novamente...